domingo, 25 de abril de 2010

Insônia: problema afeta 40% da população brasileira

Segundo dados da OMS, somente 5% dos indivíduos com insônia procuram o especialista adequado. Brasil é considerado campeão em insônia.

Aos 27 anos, Gabi sofre com insônia desde 2005.
Foto: Cedida/Arquivo Pessoal

Quem vê a jovem Gabriela Damásio com esse sorriso aberto, mal pode imaginar a péssima noite de sono (ou falta dele) que ela teve. Aos 27 anos, Gabi, como prefere ser chamada, sofre com insônia desde 2005. De lá para cá, noites mal (ou não) dormidas já viraram rotina em sua vida.

“Comecei a apresentar a insônia lá pelo ano de 2005, pelo menos foi quando comecei a atentar para isso. Percebi que, quando o volume de trabalho aumentava, a ansiedade e o estresse contribuíam para que eu não dormisse”, comentou a produtora de eventos.

No entanto, Gabi comenta que essa primeira fase foi passageira. Em 2007, ano em que a demanda de trabalho aumentou, ela começou a apresentar insônia novamente. “De lá para cá, ela tem sido minha fiel companheira”, destacou.

"Tive um problema sério em janeiro de 2008, e passei 2 meses dormindo com remédio", contou.

E os resultados das noites em claro Gabriela sente em seu dia-a-dia. “Em virtude da insônia e noites mal dormidas, um outro problema que tenho fica bem pior: a enxaqueca. O sono eu consigo driblar, mas a enxaqueca me derruba. Para completar, meu corpo fica um caco. Cabeça pesada, musculatura dolorida, como se eu estivesse sem força”, descreveu.

A produtora de eventos conta ainda que já procurou ajuda médica, mas os efeitos não foram bem os esperados. Segundo ela, o médico procurou tratar sua ansiedade, acreditando estar nela o principal ingrediente de sua insônia. “Tive um problema sério em janeiro de 2008, e passei 2 meses dormindo com remédio, mas depois fui conseguindo me desprender. Quando tomava o remédio, em 15 minutos eu já estava dopada. No dia seguinte, eu parecia um zumbi, o que não era legal. Era evidente que eu ainda estava sob efeito dele”, disse. 
 
Ultimamente, Gabi recorre à métodos caseiros para tentar ter uma boa noite de sono.

Ultimamente, Gabi recorre à métodos caseiros para tentar ter uma boa noite de sono. “Geralmente, faço um pequeno ritual. Tomo um banho, hidrato o corpo, passo creme nos pés, e faço coisas assim que possam contribuir para o meu bem-estar. Isso sem falar na alimentação. Não como nada pesado à noite”, relatou.

Mesmo assim, ela diz que tem noites em que não dorme. Nessas noites, ela recorre a filmes, séries de tv, músicas e internet para passar o tempo. “Mas, se for quando acordo no meio da madruga, primeiro eu tento bolar na cama pra ver se consigo dormir de novo, quando vejo que não rola, daí vou planejar o meu dia seguinte, vou escrever pro meu blog, atualizar meu diário”, explica.

Gabriela diz que já ficou acordada 44 horas direto. “Tudo bem que foi por causa de um trabalho. Mas, eu não sentia sono, não queria deixar de acompanhar todo o processo”.

E a nossa produtora de eventos não está sozinha nessa. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é considerado o país campeão em insônia, sintoma que afeta 40% da população.

Com a palavra, o especialista:


"Na maioria das insônias, a psicoterapia torna-se muito importante", destacou.

Luiz Ricardo Mota é neurologista e especialista em medicina do sono. Segundo ele, a maioria dos casos são passíveis de tratamento eficaz, com medidas adequadas de higiene do sono e, quando necessário, remédio. “O uso de medicamento, se bem ponderado e ajustado, é seguro e não precisa ser temido. Na maioria das insônias crônicas ou aquelas que se repetem com freqüência, a psicoterapia torna-se muito importante”, destacou.

Em casos como o da nossa personagem, Gabi, o neurologista recomenda o acompanhamento contínuo e a readequação dos hábitos cotidianos. “Para qualquer diagnóstico, é necessário uma avaliação completa do paciente, mas neste caso, pelo que ela relatou, seria preciso aliar o tratamento contínuo com mudanças que deveria partir dela em seu dia-a-dia”, relatou o especialista.

Segundo o neurologista, o caso de Gabi é um dos mais comuns. “Grande parte dos casos de insônia atualmente são ligados ao ritmo de vida da sociedade moderna”, comentou.

A insônia fere o conceito de “bem-estar físico, psicológico e social” segundo a Organização Mundial de Saúde, e chega mais comumente ao consultório de outras especialidades médicas.

Seria recomendável a busca do especialista em Medicina do Sono, o profissional capacitado para avaliá-la e tratá-la em todos os aspectos. Somente 5% dos indivíduos com insônia procuram o especialista.

“Isto acontece porque a maioria das pessoas não atenta para os sintomas da insônia e acabam procurando especialistas para sintomas conseqüentes à insônia, como o neurologista e o gastroenterologista”, disse o Dr. Luiz Mota.

Foto: photl.com

Brasil é considerado o país campeão em insônia, sintoma que afeta 40% da população.

Na maioria das insônias crônicas ou aquelas que se repetem com freqüência, a psicoterapia torna-se muito importante. O Brasil é considerado o país campeão em insônia, sintoma que afeta 40% da população. Estima-se que 30% dos idosos têm insônia e uma igual percentagem de adolescentes e adultos já foi afetada por ela em algum momento de suas vidas por mais de 3 noites.

Por isso, se você tem dificuldades em cair no sono, levanta frequentemente durante a noite e não consegue voltar a dormir rapidamente, acorda muito cedo sem necessidade e não tem sono restaurador, você pode estar sofrendo com insônia. Procure um especialista e tenha uma boa noite de sono.

Fonte: nominuto.com

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