A política de valorização do salário mínimo e a melhora generalizada na economia brasileira se refletem em avanços na qualidade de vida dos idosos no país. A constatação é da pesquisa Envelhecimento, Bem-Estar e Desenvolvimento: Um Estudo Comparativo do Brasil e da África do Sul, apresentada hoje (21) por especialistas brasileiros e estrangeiros.
A pesquisa foi realizada nos dois países em duas etapas. A primeira, no ano de 2002 e a segunda, em 2008. No Brasil, os pesquisadores estiveram em cerca de mil domicílios com pessoas acima de 60 anos, nas zonas rural e urbana do Rio de Janeiro e de Ilhéus, na Bahia. Na África do Sul, foram entrevistados 1,1 mil domicílios de três regiões.
Focando na renda domiciliar per capita como indicador de bem-estar, o documento avalia que benefícios sociais como pensões e aposentadorias contribuíram para saída da linha de pobreza – para quem vive com menos de U$ 1 dólar por dia – de quase um sexto dos domicílios pesquisados na África do Sul . No Brasil, a mesma situação foi verificada em uma de cada cinco famílias pesquisadas.
De acordo com o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Saboia, responsável pelos dados do Brasil, o fato de a maioria das aposentadorias no país estarem atreladas ao salário mínimo, fez com que o aumento desse do valor, nos últimos anos, contribuísse para a melhoria do bem-estar dos idosos.
Saboia constatou que as aposentadorias podem ser a principal fonte de renda das famílias e disse que, com essa mudança, os idosos deixam de representar um peso no orçamento familiar. "Identificamos um grande número de famílias que vive com a renda de idosos. Esse dinheiro tem peso grande nas casas e pode ser a principal fonte de renda", afirmou.
O pesquisador também destacou o fato de a maior parte dos idosos brasileiros receber benefícios contributivos. Na África do Sul, foram benefícios de programas de transferência de renda, como o pagamento de pensões assistenciais – desvinculadas de qualquer tipo de contribuição social, que colaboraram para o aumento da renda das famílias e o acesso a mais bens.
"No Brasil, o que está por trás disso é o mercado de trabalho, que está se formalizando. Isso significa que, ao longo do tempo, cada vez mais, os benefícios no país tendem a ser contributivos. No caso da África do Sul, a taxa de desemprego está elevada, tem muita informalidade. A situação dos país é outra, o fim do apartheid tem menos de 20 anos", lembrou.
A pesquisa sobre envelhecimento e bem-estar foi elaborada por pesquisadores da UFRJ, da Universidade de Norfolk (Estados Unidos) e da Universidade de Rhodes (África do Sul), sob coordenação da Universidade de Manchester (Inglaterra).
Fonte: Agência Brasil